terça-feira, 7 de dezembro de 2010

hoje me peguei lendo alguns versos e poemas do Pablo Neruda, esse me fez sentir suas palavras tocando minha face como folha seca...jogada pelo vento.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite. 
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe". 
O vento da noite gira no céu e canta. 

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou. 
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito. 

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos. 
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi. 

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho. 
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo. 

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido. 
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo. 

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos. 
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido. 

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. 
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. 

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido. 
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
Pablo Neruda

4 comentários:

  1. Olá Carlos, lindo este poema... tem um outro do Pablo que também gosto muito, da uma lida quando puder, "É Proibido". Mais uma vez, parabéns, tu tem um ótimo "paladar" para poemas.
    beijo.

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  2. Carlos, Q lindo. O trecho do poema q diz "É tão curto o amor, tão longo o esquecimento." é lindo, mas penso eu q o amor não é curto, é eterno. A paixão que é înstantânea. Que passa rápido e cai no esquecimento. Mas o poema é maravilhoso. Um beijo querido

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  3. Oi Carlos...
    Nossa que lindo!! Abriu o apetite...Não sou conhecedora da obra de Pablo Neruda, entretanto conheço fragmentos os quais gosto muito. Lendo este poema hoje, fiquei com água na boca e vou mais tarde, com calma e tempo alimentar a minha alma.
    Beijos e bom final de semana

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  4. Neruda escrevia com sua alma, acredito que quando leio e sinto arrepiar minha alma, merece ser mostrado, poucos conhecem a sua obra, mas tem textos barbaros, que bom que tocou vcs...a mim tbm.

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